Shirley Macêdo Vieira de Melo
"Tudo começou muito antes do começo: eu era estudante de administração fazendo estágio no Departamento de Pessoal de uma multinacional e só me via querendo ir para o setor de treinamento ver a psicóloga trabalhando. Não deu outra: acabei adm e ingressei em Psi na UFPE.
Lá me encantei pela clínica e pela filosofia, e a tão almejada prática em Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT) foi virando fundo: meu objetivo agora era aprender Psicologia Humanista. Fui a vários eventos da área de saber e comecei a conhecer gente como Carmem Barreto, Henriete Morato e Angerami Camon. Veio o estágio e depois uma especialização na ACP/GT, onde me deparei com o Mauro Amatuzzi e a Fenomenologia.
Aportei na PUC de Campinas em 1996 para aprender mais com ele, quando descobri Husserl e Merleau-Ponty. Entrei em contato com Adriano Holanda, Vera Cury e Ancona Lopez. Vivia na USP e na UNICAMP: quão bons os diálogos com Yolanda Forghieri e Nilton Aquiles Von Zuben.
Mas eu queria mesmo era me reencontrar com o homem da minha vida, Hilmar Melo, casar e ter filhos. Projeto de Doutorado adiado e volta para Recife em 1998.
Ensinei em várias faculdades privadas e vários cursos de graduação e pós a partir de 1998. Além disso, tive nas Consultorias de Diagnósticos de Cultura Organizacional a chance de unir a clínica e a POT. Iniciei supervisao de estagio em 2000, ano que abri minha própria clínica.
Casei em 2001 e fui mãe em 2003. Até que, a partir de 2008, decidi que só queria ficar nos cursos de Psicologia para cuidar de trabalhadores e trabalhadoras, e capacitando futuros psicólogos para tanto.
2006 foi o ano de uma nova gravidez e 2009 foi o ano do início do Doutorado, quando reencontrei Carmem Barreto, Vera Cury e Henriete Morato. Conheci Ana Lúcia Francisco e meu outro grande orientador Marcus Tulio Caldas, que me apresentou Gádamer. Eu ja nao me considerava uma psicologa humanista tradicional e já me sentia um pouco fora da caixinha da ACP há um bom tempo, embora vez ou outra fosse aos seus famosos encontros e fóruns pelo mundo afora.
Três anos depois passei em concurso para a UNIVASF e vim morar em Petrolina, no mesmo ano em que concluía o Doutorado.
A tese defendida consistia numa proposta metodológica inovadora de pesquisa e intervenção: a hermenêutica colaborativa, que, para mim, me deixa confortável naquilo que chamamos de abordagem humanista-fenomenológica.
Assim, estou chegando no FENOVALE: uma pessoa que se encontrou depois de se perder e se achar em meio a um monte de possibilidades. Honro meus pais e mães acadêmicos, mas justamente por ser "filha" deles, tive apoio e sustentação para seguir meu próprio caminhar..."